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quarta-feira, novembro 02, 2005

“Há”, “à” ou “á”?


À tramoço e minuins... uma frase que prende a nossa atenção, não apenas pelos erros nos substantivos mas também por ser exemplificativa de uma das confusões frequentes no Português escrito: quando utilizar “à” ou “há”. Esta é sem dúvida uma incerteza presente no quotidiano de muitos falantes do Português. Todos nós já recebemos, por exemplo, um sms ou email com expressões como “à um ano”, ou lemos num chat ou artigo de blog algo como “à muito tempo”.

Para comprovar esta confusão com dados quantitativos e de forma rápida, decidi fazer uma pequena pesquisa no Google e constatei que expressões como “à muito tempo”, “à um tempo”, “à um ano” e até mesmo “há noite” têm, de facto, uma frequência de uso bastante elevada: 2470, 571, 383 e 679 ocorrências respectivamente. Perante estes dados, achei pertinente apresentar um pequeno esclarecimento relativo ao uso de “há” e “à” que espero venha a ajudar todos os que gostam da nossa língua e se interessam por ela.

Antes de mais, é importante referir que esta confusão se explica em parte pelo facto de se tratarem de duas palavras homófonas, ou seja duas palavras que apresentam o mesmo som quando pronunciadas mas que têm grafias e significados distintos, como iremos ver de seguida.

À” é o resultado da contracção da preposição “a” com o artigo definido no feminino singular “a” (a + a = à).
Exemplos:
O Paulo vai à biblioteca. = O Paulo vai a(prep.) a(art.) biblioteca.
Vou à praia. = Vou a(prep.) a(art.) praia

Relacionada com a forma “à” está também a incerteza na colocação do acento: grave (`) ou agudo (´)? Na minha pesquisa encontrei 2.410.000 ocorrências da preposição com acento agudo (“á”). No entanto, esta forma, além de incorrecta, não existe. Tratando-se da contracção da preposição “a” com o artigo definido feminino no singular ou plural, “a” / ”as”, como exemplificámos em cima, o acento é sempre grave (“à” / “às”). A forma “ás” (com acento agudo) existe mas nada tem a ver com a preposição em causa; “ás” é a designação de uma carta de jogar (por exemplo o “ás de copas”).
O acento grave só surge em mais cinco palavras portuguesas, nomeadamente as que envolvem a existência da preposição “a” e a sua contracção. A saber: “às” (a + as): “Ele foi para a escola às quatro horas.”; “àquele” (a + aquele): “Ele foi àquele sítio de que te falei.”; “àquela” (a + aquela): “A Carla foi àquela conferência.”; “àqueles” (a + aqueles): “Os meus primos foram àqueles bares famosos.”; “àquelas” (a + aquelas): “Elas foram àquelas lojas.”.

”, por seu lado, é uma forma do verbo “haver”, mais concretamente a terceira pessoa do singular do presente do indicativo. Este verbo, além de outras significações, é utilizado com o sentido de “existir” (e neste sentido não tem plural: “hoje há aula” / “hoje há aulas”). Com expressões temporais é sempre utilizado o verbo “haver”.
Exemplos:
Há tremoços e amendoins.
Há barulho na sala. (= existe barulho na sala)
Há muita gente na rua. (= existe muita gente na rua)
Ela festejou o aniversário há pouco tempo. (não “à pouco tempo”)
Há uma hora (atrás). (não “à uma hora atrás”)

Existem alguns testes que nos ajudam a confirmar a utilização correcta de “à” ou “há”, como por exemplo:
  • Alterar a expressão que vem a seguir a “à” por um sintagma nominal masculino e ver se é necessário mudar ou não “à” para “ao” (a + o). Se for necessário efectuar esta mudança, ou seja contraindo a preposição com outro artigo definido masculino, é sinal de que se trata da contracção da preposição com o artigo, logo dever-se-á escrever “à”; se a troca do substantivo não originar esta mudança, estamos perante um caso de utilização de “”:
    Exemplo:
    ir à/há praça > ir ao mercado/ir há mercado = ir à praça.
  • Se ao substituir “há” por outra forma verbal do mesmo verbo, por exemplo “houve” ou “havia”, ou pelo verbo “existir”, a frase mantiver o seu sentido, estamos perante a utilização correcta de “há”; se o sentido se perder dever-se-á usar “à”:
    Exemplos: Há/à aulas > houve aulas = aulas.
    Ele disse que há/à um acento na palavra > Ele disse que existe/havia um acento na palavra = Ele disse que um acento na palavra.
    Ele vai à/há escola > Ele vai existe escola (perde o sentido) = Ele vai à escola.

Tente agora ver se ainda tem dúvidas pondo os testes em prática na resolução deste pequeno exercício: http://www.eb1-penedos-altos.rcts.pt/4ano/completarcomhaa.htm

6 Comments:

Blogger Nysa said...

olá aos dois, obrigada por me terem avisado deste vosso trabalho. já estao linkados no meu blog (que nao tem mesmo nada haver com o vosso). Agora vamos ao há ou nao à (eu sei que é há), eis a questao! Foi uma das coias que aprendi muito rápido (obrigada Mae!) e fico parva como há pessoas a utilizarem o há ou à mal, quando a sua explicacao é tao simples. Fiquem bem e muito sucesso para o blog.

9:26 da tarde  
Blogger António José Silva said...

sugestão de leitura:
http://www.urbandictionary.com

11:56 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Nysa

É bom também aprender a não confundir "haver" com "a ver"....

6:17 da tarde  
Blogger Dragão Azul Forte said...

Fantástico! Adorei para poder explicar a várias pessoas a questão do "à" ou do "á". HÁ minutos, no Facebook, vi uma página assim intitulada:
"Á FLOR DA PELE" - arrepiei-me!
Procurei uma explicação para tansmitir; encontrei o V/blogue. Muito bom, excelente!
Amigos, escreve-se muito mal por aí fora. Gente com elevada formação académica dá erros ortográficos de deixar os cabelos em pé. O V/blogue pode ajudar a promover o português bem escrito. Vou divulgar. Obrigado. Continuação de bom trabalho. Abraço.

4:25 da manhã  
Blogger Dragão Azul Forte said...

"Dragão Azul Forte" = Fernando Moreira (Vila Real).
Abraço.

4:28 da manhã  
Blogger Unknown said...

À que dizer algo sobre este assunto ou hà que dizer algo sobre este assunto?

Agradecia uma explicação.

Obrigado.

6:32 da tarde  

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